Eu gosto de Splatoon 3

Geilson Lucas
6 min readJan 22, 2025

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ATUALIZAÇÃO: Eu não sei se vou realmente fazer essa série de textos, então caso você estranhe eu anunciar isso no início do texto e eu não ter continuado, só desconsidere os três primeiros parágrafos, mas o resto ainda reflete a minha opinião sobre Splatoon.

Eu nasci em 2000, último ano do século XX e também último ano do segundo milênio depois de cristo. Do que serve tal informação? Não sei muito bem, mas 25 é um número que me parece importante. Não sei se importante é a definição que procuro, acho que marcante seja mais precisa, múltiplos de cinco têm um poder evocativo que é difícil de explicar. Minha capacidade de gerar lero lero sendo posta a prova… Texto difícil de introduzir sem chamar atenção.

Certo, tentarei ser direto ao ponto. Eu quero escrever sobre como me sinto com relação a alguns jogos: o que eles evocam, transmitem e outras coisas do tipo. Aproveitando que estamos em 2025, eu decidi tentar fazer isso para 25 jogos diferentes, um por cada ano passado, ou seja, de 2001 até 2025. Mas se são anos passados, porque 2025? Eu provavelmente não vou escrever 25 textos em um ano, e sobre o tema específico, talvez nem em dois, então até o jogo de 2025, já será 2027 provavelmente.

Antes de iniciar, uma regra que eu quero estabelecer: eu não posso já ter escrito sobre esse jogo anteriormente. Por consequência, essa não é uma série sobre os meus 25 jogos favoritos, ou uma lista que compila meus jogos favoritos de cada ano dos últimos 25 anos. Mas sim uma sobre jogos que são importantes para mim, e que eu gostaria de comentar de forma casual sobre como me sinto ao jogá-los. Além disso, só uma outra informação: não tem ordem por ano, eu vou escrever sobre qualquer jogo que der na telha independente se o ano era anterior ou posterior ao último comentado. Então é isso, vamos começar a série: Como eu me sinto jogando por 25 anos ou… 25 Frames sobre mim.

O primeiro jogo a ser comentado é Splatoon 3, lançado em setembro de 2022 para Nintendo Switch. Foi o único da série que eu joguei, então não consigo dizer se ele é melhor que o primeiro ou o segundo, mas como meu primeiro, ele me proporcionou, e ainda proporciona, uma experiência que eu nunca encontrei em qualquer outro jogo. Ele é um jogo de tiro em terceira pessoa com foco no multiplayer em que os jogadores são divididos em times, e o time que pintar mais o cenário ganha a partida, levemente inspirado em paintball. E na camada mais rasa da minha apreciação por ele, eu tenho que falar, como é gostoso jogar Splatoon.

Jogabilidade

Aqui, sem muitas surpresas, tendo em vista que é um jogo desenvolvido pela Nintendo, mas ainda assim é impressionante como todas as armas do jogo funcionam muito bem e são agradáveis de usar. Porque aqui eu não falo de poucas armas, Splatoon 3 possui um belo arsenal delas, e dos mais variados tipos. Miniguns, pistolas, metralhadoras, pincéis gigantes, rolos de pintura e por aí vai, e todas elas são muito bem balanceadas e são soluções viáveis de serem usadas na gameplay, dependendo apenas da escolha e da habilidade do jogador. Mas, além dos tirinhos, o que mais amo na jogabilidade dele é a movimentação.

Você atira tinta no chão, e agora pintado ele funciona como um acelerador de movimento, porque o personagem pode se transformar em uma lula e nadar pela tinta, o que é bastante mais rápido do que o simples andar do jogo. Além disso, é essa camada que permite a verticalidade do jogo, já que, se você pinta uma parede, é só se transformar em lula e pronto, parede escalada. Todo esse sistema permite um dinamismo muito único na movimentação, tornando jogar Splatoon uma experiência extremamente confortável. Confortável porque movimentar é o que você mais vai fazer no jogo, como padrão em jogos de ação. Então, é essencial para um jogo do estilo que se movimentar nele seja satisfatório, e aqui, em Splatoon, ele ultrapassa o nível do satisfatório e entrega o viciante.

O motivo da utilização dessa palavra tem relação com uma experiência pessoal no lobby do jogo. Enquanto o jogo busca partidas online, você pode ficar treinando, atirando e se movimentando pelo cenário, e para mim é simplesmente impossível ficar parado. Eu quero atirar, eu quero me movimentar, quase que de forma instintiva, enquanto espero pela próxima partida. Sem objetivos claros, a mecânica pela mecânica é o principal motivo desse jogo ser uma completa delícia.

Por último sobre a jogabilidade: eu nunca vi uma ideia tão genial quanto o mecanismo de recarregar a arma ser nadar pela tinta. Pensa comigo: num jogo de tiro, recarregar geralmente representa o ponto de fraqueza, porque você não tem defesa, e também o momento mais desinteressante do loop de gameplay. Contudo, em Splatoon, recarregar significa se movimentar mais rápido, se esconder na tinta, e ainda conseguir fugir de uma situação de perigo. Sério, as pessoas que fizeram esse jogo são muito espertas kkkk.

Dito tudo isso, apesar de magnífica, a jogabilidade não é o motivo mais marcante para ele estar aqui. O que eu mais amo em Splatoon é o estilo.

Estilo

Da forma mais abrangente possível, eu adoro o quão estiloso esse jogo é. E aqui não só no sentido visual da palavra. Um mundo vibrante que se inspira na cultura de rua, especialmente dos anos 90, como descrito pelo produtor de todos os jogos da série, Hisashi Nogami, em entrevista para o site da Nintendo Europa:

“Queríamos muito que a aparência e a atmosfera do jogo combinassem com a jogabilidade. Você pode ter um Reino do Cogumelo para pintar ou pode ter um mundo real. Achamos que os jogadores estariam mais motivados a pintar se estivessem jogando em um cenário mais realista. Por isso, para o hub, criamos uma cidade que parece real.

Então, pensamos no tipo de Inklings que gostariam de jogar algo assim — eles gostariam de se divertir e ‘zoar’, por assim dizer. Por esse motivo, os Inklings no jogo são basicamente adolescentes. No mundo do jogo, o ato de espalhar tinta por diversão é como andar de skate ou praticar BMX no nosso mundo. É um pouco perigoso e acontece nas ruas, então, nesse sentido, é inspirado por esportes radicais.

Imaginamos que tipo de moda essas pessoas gostariam, e aquele estilo de moda skater pareceu apropriado para trazer e integrar à jogabilidade. Os desenvolvedores de Splatoon têm cerca de 30 anos agora, e grande parte da moda no jogo é inspirada no estilo com o qual eles cresceram durante a adolescência.”

Uma decisão muito acertada, eu diria. As possibilidades de customização são extensas, e eu adoro essa característica de Splatoon, o quanto ele me permite me expressar, não apenas através da gameplay, mas com as vestimentas que meu avatar usa, os cortes de cabelo. É muito difícil não se apaixonar pelo universo que foi construído. Até porque a parte fashion é integral da experiência; tem até revista de moda mostrando os modelos do momento.

E aí, além disso, o que ele faz em termos musicais é tão interessante quanto. O universo do jogo possui bandas com estilos musicais únicos que também refletem todo esse aspecto de contracultura, mas não só disso, de multiculturalismo mesmo. É impossível não associar minimamente as Splatfests, que são os grandes eventos do jogo, com festivais chineses e até mesmo o Carnaval brasileiro. Além de celebrar a cultura de idols muito presente no Japão e na Coreia, tendo em vista que os hosts dos eventos do jogo são idols no mundo de Splatoon.

Esse jogo se debruça sobre o poder da construção cultural da humanidade, de forma vibrante, diversa e receptiva.

Conclusão

Então como me sinto jogando Splatoon 3? Eu me sinto tendo a capacidade de interagir com um mundo vivo e interessante, em que eu posso me expressar em vestimentas, escutar músicas grudentas e divertidas, enquanto controlo uma gameplay suculenta, no meu multiplayer de tiro favorito da vida.

Tudo isso sem me preocupar com toxicidade e aproveitando uma criação que celebra o multiculturalismo, o que para mim é muito necessário, tento em vista os acontecimentos e declarações políticas das últimas semanas. É bom se lembrar do potencial humano e a da beleza que é a diversidade cultural que existe nesse planeta, como brasileiro seria impossível não amar isso.

Splatoon 3 é um jogo sensacional, um dos meus favoritos, e o primeiro capítulo dessa série. Espero que quem tenha chegado até aqui tenha gostado, e em breve retorno com mais jogos que importam para mim, quer dizer, se o mundo não for destruído até lá pela loucura de pessoas que se encontram em posições de poder. Obrigado e até a próxima.

Link para entrevista citada no texto

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Geilson Lucas
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Written by Geilson Lucas

24 anos, estudo ciência da computação na UVV e escrevo sobre videogames e alguns temas aleatórios. Twitter: @_rdus

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